Eleição Senge RJ: tradição e juventude para enfrentar mudanças históricas

A nova diretoria inicia seu mandato nesta terça (12). Olímpio Alves dos Santos, atual presidente, destaca as transformações em curso no sindicalismo. Para Pedro Monforte (foto), o mais jovem na chapa, o objetivo é fortalecer o movimento social.

Única inscrita para a eleição da diretoria do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ), a chapa Reconstrução e Retomada do Desenvolvimento quer inaugurar uma nova fase não só da ação sindical, mas da luta política e social no país. “Na gestão para o período de 2022 a 2025, vamos participar da reconstrução do sindicalismo brasileiro e da retomada da luta de classes, que não foi revogada na história”, explica Olímpio Alves dos Santos, presidente do Senge RJ e integrante também da chapa eleita com 87,29% dos votos, que inicia seu mandato nesta terça-feira, dia 12 de abril. Para o Conselho Fiscal, foi eleita a chapa única Lisura e Transparência, com 85,88% dos votos.

Os sindicatos brasileiros, segundo o dirigente, além de fragilizados financeiramente, enfrentam transformações importantes na própria organização do trabalho, que exigem novas práticas políticas. “Os sindicatos precisam recuperar a capacidade de ir além das reivindicações salariais, integrando movimentos mais amplos, alinhados a grandes parcelas da população que, atualmente, não têm nem carteira assinada, nem direitos, nem instrumentos para exercício pleno da cidadania”, diz.

Olímpio destaca o papel fundamental das novas gerações de militantes, ativistas e sindicalistas, com “nova cultura, novas ferramentas e outra forma de ver o mundo, para construir caminhos para os trabalhadores organizarem o embate coletivo — e não individual — por seus direitos”.

Por uma engenharia popular
Membro mais jovem da diretoria eleita, Pedro Enrique Monforte, 25 anos, formou-se engenheiro metalúrgico no final de 2021. Ele luta por uma engenharia popular, destinada a contribuir para uma vida melhor para todos e todas. Nesse sentido, também acredita que este ano vai ser um “ponto de virada em todos os aspectos, para o Brasil e para o Senge RJ”, que, na sua avaliação, poderá definir o futuro do país e do sindicato.

“Até os anos 2000, a centralidade da luta de classes no Brasil estava nos sindicatos, mas esse centro se deslocou”, acredita Pedro. “Estamos em outro momento do desenvolvimento. A maior parte do povo nem sabe o que é CLT ou espaço formal de trabalho. O sindicalismo precisa dar resposta para combater essa precariedade, pensar estratégias novas, entender e estudar processos históricos, em especial os momentos em que o sindicalismo se uniu a outras forças de luta.”

Mestrando em Engenharia Metalúrgica e de Materiais na Coppe/UFRJ, militante das Brigadas Populares e um dos fundadores do Força Motriz, um coletivo estudantil de assessoria técnica que atua no campo da engenharia popular com projetos comunitários em mais de seis favelas do Rio de Janeiro, Pedro decidiu ser um militante sindical, antes mesmo de se formar. Seu primeiro contato com o Senge RJ foi em 2018, quando já atuava em projetos de engenharia popular e de extensão universitária em áreas de periferias, e procurou o sindicato em busca de apoio técnico.

“Percebi que o debate que eu tentava construir na universidade, por uma engenharia diferente, comprometida com o desenvolvimento social, pelos mais pobres, era o mesmo que o sindicato fazia”, explica o jovem ativista, que é também diretor de Infra-Estrutura e Urbanismo da Federação das Associações de Favela do Estado do Rio de Janeiro (Faferj). “Eu me aproximei do Senge RJ porque o sindicato sempre teve uma ação também para fora do movimento sindical, sempre entendeu que a luta sindical não se encerra em si mesma, mas precisa ser feita em unidade com diferentes espaços da classe trabalhadora. A engenharia tem um papel estratégico, é um conhecimento fundamental para a produção capitalista, mas também para a sua superação. Por exemplo, se for integrado à luta por habitação e melhores condições na favela. É isso que vamos fazer.”

Eleições do Senge RJ

As eleições para a nova Diretoria e o Conselho Fiscal do Senge RJ aconteceram nos dias 27, 28 e 29 de março, on-line, pelo sistema Vota Senge, e, nos dias 28 e 29 (segunda e terça-feiras), também presencialmente na sede do sindicato, em horário comercial.

Os resultados da eleição foram homologados pela Comissão Eleitoral.

A nova Diretoria e o novo Conselho Fiscal iniciam o novo mandato em 12 de abril.


>Conheça todos os nomes da  nova gestão do Senge RJ:

Diretoria do Senge RJ – abril de 2022- abril de 2025

Agamenon Oliveira – Engenheiro/Cepel e professor aposentado da UFRJ

Alexander Polasek – Engenheiro/Cepel

Carlos Alberto da Cruz – Engenheiro/Light

Clayton Vabo – Engenheiro eletricista/Light

Clovis Nascimento – Engenheiro sanitarista, aposentado Cedae, secretário-geral da Fisenge

Dennys Zsolt – Engenheiro agrônomo/Fórum Estadual dos Engenheiros Agrônomos no Estado do Rio de Janeiro (Feea-RJ)

Felipe Araújo – Engenheiro civil/Furnas

Flavio Ramos – Engenheiro/Comlurb

Giovani Moreira – Engenheiro/INB

Gunter Angelkorte – Físico e engenheiro nuclear/Eletronuclear

Jorge Antônio – Engenheiro agrônomo/Fórum Estadual do Engenheiros Agrônomos no Estado do Rio de Janeiro (Feea-RJ)/Clemaarj

Jorge Saraiva Engenheiro mecânico, vice-presidente do Crea-RJ

Ligia Pessoa – Aposentada da Cia. Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central)

Livio Almeida – Engenheiro/gestão de resíduos sólidos urb Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb)

Marco Antonio Barbosa (Marcão) – Feema/INEA, aposentado

Miguel Sampaio – Engenheiro eletricista

Nel Beserra – Engenheiro mecânico

Olímpio Alves dos Santos – Engenheiro eletricista, aposentado da Cerj

Patricia Apicelo – Engenheira metalúrgica

Paulo Granja – Aposentado Flumitrens

Pedro Enrique Monforte – Engenheiro popular do movimento de favelas

Roberto Góes – Engenheiro mecânico/Eletrobras

Vera Bacelar – Engenheira de transportes e segurança, CET Rio

Virginia Brandão – Engenheira eletricista, aposentada da Eletronuclear

Conselho Fiscal do Senge RJ- abril de 2022- abril de 2025

. Titulares

Maria José Salles – Engenheira sanitarista/Fiocruz, doutora em saneamento e saúde ambiental

Jorge Mendes – Engenheiro civil/Furnas

Julio Cezar Arruda de Carvalho – Engenheiro mecânico/aposentado NUCLEP

. Suplentes

Allan dos Santos – Engenheiro eletricista/Light S.E.S.A, conselheiro do CEEE do Crea-RJ.

Luiz Antonio Cosenza – Engenheiro eletricista/atual presidente do Crea/RJ

Pietro Valdo Rostagno – Engenheiro civil/Prefeitura de São José de Ubá (RJ)

> Saiba mais:
https://www.sengerj.org.br/posts/senge-rj-elege-nova-diretoria-e-conselho-nos-proximos-dias-27-a-29-de-marco

 

 

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